terça-feira, 29 de agosto de 2017

O RESGATE DA DISCIPLINA - Gustavo Tanaka

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O Resgate da Disciplina

Por muitos anos morei longe.

Morava longe da escola. Acordava às 5h30 para estar na escola às 7hs.

Depois comecei a trabalhar e morava ainda mais longe do trabalho. Pegava 1h30 de trânsito para conseguir chegar às 8hs no escritório.

Saía do trabalho e corria para a faculdade para ficar até as 23hs, chegar em casa, comer, dormir e começar de novo.

Em alguns momentos, cheguei a encaixar academia na hora do almoço para poder fazer algum exercício.

Eu sempre tive muita disciplina. Criado numa família oriental, acho que acaba sendo natural isso acontecer.

Não podia falhar, tinha que dar o meu melhor sempre.

E assim foi por muitos anos.

Até que eu resolvi mudar tudo. Alguns anos atrás me tornei um rebelde e comecei a questionar tudo.

Vi que por trás de toda essa disciplina estava o medo da crítica. O medo de falhar. Medo de decepcionar os outros.

E toda essa disciplina era apenas para evitar essas situações.

E ao me dar conta disso, passei a flexibilizar minha vida.

Tudo era motivo para eu questionar. Por que preciso acordar nesse mesmo horário todos os dias? Por que preciso comer no mesmo horário? Quem inventou café da manhã, almoço e jantar? É uma convenção social? Então vou romper.

E assim eu fui explorando possibilidades de conseguir viver uma vida diferente. Mais leve, mais orgânica e mais no fluxo.

Foi ótimo, me libertei de vários condicionamentos e até hoje ainda percebo quanto programa eu tenho rodando dentro de mim.

Mas eu quero falar hoje sobre o lado negro disso.

O que aconteceu depois disso é que eu fiquei completamente indisciplinado.

Acordava cada dia num horário, só fazia exrcícios quando tinha vontade, só comia quando tinha fome, não planejava nada, não anotava nada, e tentava ser intuitivo e orgânico em tudo.

O efeito disso?

Fiquei desorganizado. Confuso. Comendo pouco e mal. Cansado. Sem energia para fazer as coisas que tinha que fazer. Ficava muito aéreo. Atrasava contas. Deixava conversas abertas. Muitas ideias, muitas possibilidades, muitas oportunidades, mas pouca materialização. Começava um monte de coisas e não terminava nada.

Fui percebendo que o fato de me rebelar contra a disciplina, fez eu perder a maestria sobre mim mesmo. E eu estava refém do meu corpo e da minha mente. Meu corpo tinha preguiça e minha mente cada vez mais aérea e sem foco.

Vi que tinha muita fuga.

E aos poucos senti a necessidade de estabelecer mais ordem na minha vida.

De resgatar a disciplina que eu aprendi lá atrás. A disciplina oriental que aprendi com minha família e herdei dos meus ancestrais.

Mas dessa vez uma disciplina diferente. Não pelo medo. Não para evitar a crítica. Mas a serviço de mim mesmo, da vida e das minhas causas.

E é esse o lugar onde me encontro hoje.

Voltando a acordar cedo, a fazer exercícios, a planejar minha agenda (seguindo a lua), a me alimentar melhor, a cuidar da minha casa e da minha papelada.

O caminho do equilíbrio passa por absorver tudo que existe de bom no que você já viveu e adaptar para uma nova realidade. Uma oitava acima. Com consciência de porque você faz isso. Não porque todo mundo faz, ou porque sempre foi assim. Mas porque você quer fazer assim. Porque te faz bem.







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