Por
muitos anos morei longe.
Morava
longe da escola. Acordava às 5h30 para estar na escola às 7hs.
Depois
comecei a trabalhar e morava ainda mais longe do trabalho. Pegava 1h30
de trânsito para conseguir chegar às 8hs no escritório.
Saía
do trabalho e corria para a faculdade para ficar até as 23hs, chegar em
casa, comer, dormir e começar de novo.
Em
alguns momentos, cheguei a encaixar academia na hora do almoço para
poder fazer algum exercício.
Eu
sempre tive muita disciplina. Criado numa família oriental, acho que
acaba sendo natural isso acontecer.
Não
podia falhar, tinha que dar o meu melhor sempre.
E
assim foi por muitos anos.
Até
que eu resolvi mudar tudo. Alguns anos atrás me tornei um rebelde e
comecei a questionar tudo.
Vi
que por trás de toda essa disciplina estava o medo da crítica. O medo
de falhar. Medo de decepcionar os outros.
E
toda essa disciplina era apenas para evitar essas situações.
E
ao me dar conta disso, passei a flexibilizar minha vida.
Tudo
era motivo para eu questionar. Por que preciso acordar nesse mesmo
horário todos os dias? Por que preciso comer no mesmo horário? Quem
inventou café da manhã, almoço e jantar? É uma convenção social? Então
vou romper.
E assim
eu fui explorando possibilidades de conseguir viver uma vida diferente.
Mais leve, mais orgânica e mais no fluxo.
Foi
ótimo, me libertei de vários condicionamentos e até hoje ainda percebo
quanto programa eu tenho rodando dentro de mim.
Mas
eu quero falar hoje sobre o lado negro disso.
O
que aconteceu depois disso é que eu fiquei completamente
indisciplinado.
Acordava
cada dia num horário, só fazia exrcícios quando tinha vontade, só comia
quando tinha fome, não planejava nada, não anotava nada, e tentava ser
intuitivo e orgânico em tudo.
O
efeito disso?
Fiquei
desorganizado. Confuso. Comendo pouco e mal. Cansado. Sem energia para
fazer as coisas que tinha que fazer. Ficava muito aéreo. Atrasava
contas. Deixava conversas abertas. Muitas ideias, muitas
possibilidades, muitas oportunidades, mas pouca materialização.
Começava um monte de coisas e não terminava nada.
Fui
percebendo que o fato de me rebelar contra a disciplina, fez eu perder
a maestria sobre mim mesmo. E eu estava refém do meu corpo e da minha
mente. Meu corpo tinha preguiça e minha mente cada vez mais aérea e sem
foco.
Vi
que tinha muita fuga.
E
aos poucos senti a necessidade de estabelecer mais ordem na minha vida.
De
resgatar a disciplina que eu aprendi lá atrás. A disciplina oriental
que aprendi com minha família e herdei dos meus ancestrais.
Mas
dessa vez uma disciplina diferente. Não pelo medo. Não para evitar a
crítica. Mas a serviço de mim mesmo, da vida e das minhas causas.
E é
esse o lugar onde me encontro hoje.
Voltando
a acordar cedo, a fazer exercícios, a planejar minha agenda (seguindo a
lua), a me alimentar melhor, a cuidar da minha casa e da minha
papelada.
O
caminho do equilíbrio passa por absorver tudo que existe de bom no que
você já viveu e adaptar para uma nova realidade. Uma oitava acima. Com
consciência de porque você faz isso. Não porque todo mundo faz, ou
porque sempre foi assim. Mas porque você quer fazer assim. Porque te
faz bem.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário