quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O ESSENCIAL DA VIDA - Ricardo Gondim




Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.


Tenho muito mais passado do que futuro.


Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói até o caroço.


Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.


Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.


Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.


Já não tenho tempo para conversas intermináveis, sobre assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.


Já não tenho tempo para administrar melindres, orgulho, e mentiras de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.


Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.


Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.


Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, sabe que é melhor acertar, mas se errar, admite e tenta consertar.


Não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.


Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. Pessoas que amam e respeitam seus semelhantes.


O essencial faz a vida valer a pena. E, para mim, basta o essencial!

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